A resposta é que esses fenômenos quânticos, como a sobreposição e o emaranhamento, são extremamente sensíveis à interação com o ambiente. Minúsculas trocas de energia por meio de vibrações mecânicas, flutuações de temperatura e outras interações podem destruir essas propriedades quânticas. E quanto mais macroscópico for um objeto, mais rapidamente essa destruição acontece. Por exemplo, o tempo que o gato de Schrödinger leva para sair do estado de sobreposição de vivo e morto, para um estado comum, de estar exclusivamente vivo ou morto, é menor do que o tempo que um elétron leva para completar uma órbita em torno de um átomo.
A interação dos objetos quânticos com o ambiente é um fenômeno conhecido como perda de coerência ou decoerência. Entender e controlar a decoerência é fundamental para as tecnologias quânticas de segunda geração, que procuram fazer uso da sobreposição e do emaranhamento pelo maior tempo possível.
A coerência está ligada ao fenômeno ondulatório da interferência. Tanto nos experimentos de fenda dupla com ondas na água, quanto com os envolvendo partículas quânticas, o padrão de interferência surge porque as ondas que saem das fendas estão sincronizadas de tal forma que, em certas regiões, o máximo de uma onda coincide perfeitamente com o mínimo de outra, criando uma interferência destrutiva e, em outras regiões, os máximos ou mínimos das ondas se sobrepõem, em uma interferência construtiva. Essa coerência das ondas desaparece se, por exemplo, o painel com as duas fendas for ligeiramente sacudido, fazendo com que as ondas se adiantem ou atrasem de maneira irregular. No lugar do padrão de interferência, surge um borrão, resultado da decoerência das ondas.
Uma das explicações da mecânica quântica para a decoerência de um conjunto de uma ou mais partículas é o emaranhamento desse conjunto com o ambiente ao redor. À medida que esse conjunto interage com outras partículas do ambiente, como fótons, átomos ou vibrações térmicas, ele pode acabar se emaranhando com esses elementos externos. Esse emaranhamento faz com que sua função de onda original se misture de maneira irreversível com o ambiente, perdendo sua coerência. Como consequência, o conjunto passa a ter um único estado bem definido, como descrito pela física clássica.