No Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), o grupo liderado pelo físico Philippe Courteille vem desenvolvendo novas estratégias para aumentar a precisão dos gravímetros quânticos. Esses instrumentos utilizam átomos frios preparados em estados de superposição quântica, que geram padrões de interferência extremamente sensíveis à aceleração da gravidade. Um dos problemas dos modelos atuais é que o laser usado para medir esse padrão destrói o estado quântico dos átomos. Por isso, é necessário repetir o procedimento milhares de vezes com novos conjuntos de átomos, a fim de reconstituir a trajetória de sua queda livre e obter uma estimativa precisa da gravidade.
Para contornar esse problema, Courteille e seus colegas projetaram um novo tipo de gravímetro quântico, atualmente em fase experimental. A peça central do instrumento é uma nova cavidade óptica que permite monitorar o movimento dos átomos em tempo real, sem destruí-los. Dentro da cavidade, formada por três pequenos espelhos, os átomos frios oscilam para cima e para baixo sob a ação de uma onda de luz estacionária gerada por dois feixes laser. A própria cavidade ajuda a estabilizar essas oscilações, protegendo-as contra ruídos externos. Um terceiro laser, que não interfere no estado quântico dos átomos, permite registrar mais de 10 mil oscilações consecutivas, medindo com alta precisão sua frequência, diretamente relacionada à aceleração gravitacional.